sábado, 25 de fevereiro de 2012

Lado exterior do Palácio


A grande escadaria exterior foi construída em 1941, segundo projecto do arquitecto Cristino da Silva[1], e tem 2 leões que a ladeiam, como sentinelas de simbologia apotrópicas, da autoria do escultor Raul Xavier[2].
A fachada principal, remodelada segundo o projecto neoclássico de Ventura Terra durante a primeira metade do século XX, caracteriza-se por um equilíbrio clássico de volumes distribuídos horizontalmente, com rés-do- chão e três andares.
Centralmente ergue-se um corpo avançado rematado por frontão triangular, construído a partir do espaço da galilé da igreja do convento de São Bento da Saúde, e assente sobre um lance de escadas.

Sobre estas eleva-se uma arcada de volta perfeita com a dupla inscrição da palavra Latina Lex - alusão à função da Assembleia - entre os dois arcos centrais, e quatro estátuas alegóricas femininas, sentadas e togadas, esculpidas em mármore branco de grão grosso, de talhe duro e esquematização formal, estas representam, da esquerda para a direita, a Prudência(3),  a Justiça(4), a  Força(5) e a Temperança(6).


O frontão, que encima a varanda, tem 30m de comprimento e 6m de altura e o tímpano decorado. A composição é simétrica e conta com uma iconografia que obedece ao programa ideológico da política do Estado Novo, representando, ao centro, a Pátria, entronizada, identificada pela insígnia em latim OMNIA PRO PATRIA (Tudo pela Nação) inscrita no estrado, ladeada por 18 figuras representando, entre outras, a Indústria e o Comércio.




[1] Luís Cristino da Silva, formado em Arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, no ano de 1918, partiu para Roma, onde fez investigação arqueológica, e em 1920 foi para Paris com uma bolsa para estudar nos ateliers de Léon Azéma e Laloux. Regressou a Lisboa em 1925, apresentando os seus projectos parisienses na Sociedade Nacional de Belas Artes, que foram acolhidos com entusiasmo. No mesmo ano, desenhou o Cinema Capitólio. A partir de 1927 colaborou com a Câmara de Lisboa na elaboração de estudos urbanísticos. A partir de 1932, sob acção de Duarte Pacheco, então Ministro das Obras Públicas, Cristino da Silva abraçou projectos de grande envergadura.

[2] Nascido em Macau, Raul Maria Xavier, desenvolveu uma Obra escultórica de feição clássica, marcada pela serenidade e pela depuração das formas, tendo dedicando-se especialmente ao retracto em estátuas e bustos. De entre os seus melhores trabalhos destaca-se o baixo-relevo representando a Batalha de Aljubarrota e a estátua de São Vicentea escultura de Santo António, a escultura de Nossa Senhora de Fátima (Palácio Nacional de Queluz), o busto de Camões (Universidade de Coimbra).

[3] Apresenta duas faces (simbolizando a necessidade de prestar atenção ao que se passa em todas as direcções do espaço que nos rodeia, prevenindo, assim, a surpresa ou a traição. Um dos rostos olha-se ao espelho que segura com a mão esquerda (este permite o conhecimento do nosso aspecto exterior para que possamos saber como os outros nos vêem, e funciona como símbolo da introspecção). O capuz enfatiza a ideia de recato e mistério.

[4] Caracteriza-se pelos seus atributos iconográficos - balança que apoia no colo e a espada que segura na mão esquerda -. De cabelo solto, caindo em pesados canudos sobre os ombros, olha em frente, altiva, consciente da sua omnipotência.

[5] Apoia as mãos sobre um toro nodoso de madeira à sua direita. De cabelo apartado ao meio, cingido por fita e caindo atrás em canudos, túnica cintada e sandálias de tiras, é a mais clássica das quatro figuras alegóricas. Com efeito, não só o traje e o penteado lhe conferem esse classicismo, mas também a maior simplicidade plástica que proporciona clareza visual que facilita a leitura, e, especialmente, as feições que recuperam o modelo estereotipado dos rostos da estatuária grega do período clássico.

[6] Segura com a mão direita um pequeno jarro de onde verte um líquido para a taça que apoia sobre o joelho com a mão esquerda como que "temperando" o que esta pudesse conter.






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