A
Biblioteca da Assembleia da República tem origem na antiga Biblioteca das
Cortes, criada em 1836 por decreto do Ministro Manuel da Silva Passos (Passos Manuel), para o serviço do Corpo Legislativo. Acolheu
um espólio inicial com cerca de 7300 volumes,
provenientes do Depósito Geral
das Livrarias dos Extintos Conventos, criado em 1834.
Com
a designação de Biblioteca da Assembleia Nacional durante o Estado Novo, foi
mobilada em 1936 com estantes em dois pisos com galerias de acesso, mesas de
leitura e cadeiras em madeira de carvalho, procurando recriar o ambiente de uma
biblioteca conventual renascentista .
Actualmente
possui mais de 100.000 volumes, sendo a sua maioria relacionada com a
actividade parlamentar, e as restantes sobre História, Direito, Economia,
Estatística e textos de organizações internacionais, contando também com um
"Fundo Antigo e Documentos Reservados" onde se conservam exemplares
dos séculos XVI e XVII.
O
espaço correspondente ao antigo refeitório dos frades sofreu significativas
intervenções que lhe retiraram escala com o corte do seu pé direito duplo para
criação de um piso intermédio onde vieram a ser instalados gabinetes. Porém
mantêm-se algumas características de origem conventual ao nível do pavimento
que ainda conserva uma parte enxaquetada em mármore branco e negro, e das
paredes, onde permanecem 18 dos painéis de azulejos originais.
De
possível proveniência oficinal lisboeta, são pintados a azul sobre fundo
branco, com cercaduras polícromas a amarelo, roxo, verde e azul. 11 dos painéis
representam episódios da vida de São Bento e os restantes 7 reproduzem cenas da
vida quotidiana.
Os
11 painéis hagiográficos são baseados na biografia escrita por Gregório Magno,
em 593, e iconograficamente relacionados com as gravuras italianas de
Bernardino Passeri que ilustravam o Speculum et aexemplum christicolarum.
Vita
Beatissimi Patris Benedicti, publicado no final do século XVI por Ângelo
Sangrino e profusamente utilizados como fonte para a realização de outros
painéis de azulejos.
Os 7 painéis, com temas de
género, são iconograficamente relacionáveis com gravuras francesas da época.
Neste antigo espaço
conventual esteve instalado o Arquivo Nacional da Torre do Tombo até 1990, data
em que passou para o edifício da Alameda das Universidades edificado para o
propósito. Submetido a obras de adaptação que ainda decorrem, virá a ser a
futura sala de exposição permanente do Museu da Assembleia da República.
A
Sala dos Arcos, em parte original do antigo convento, funciona como sala de
leitura do Arquivo Histórico-Parlamentar, onde os utilizadores podem consultar
a documentação referente aos quase 200 anos da história constitucional
portuguesa.
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