Era propriedade dos Frades Negros de Tibães, conhecido por Mosteiro de S.
bento da Saúde, sendo a sua padroeira N.ª Sra. da Saúde.
Terá sido em 1615 que a Ordem escolheu o local definitivo para a instalação
da irmandade dos monges de hábito negro, numa quinta adquirida a Antão
Martines, onde se encontrava a Casa de Saúde para acolhimento dos pestíferos
vitimados pelo surto de 1569.
O arquitecto régio Baltasar Álvares(1) foi o autor do
projecto, sendo que este foi continuado depois da sua morte pelo Frei Pedro
Quaresma e pelo Frei João Turricano, no entanto, este acabou por não ser
concluído na totalidade devido á sua magnificência. Complexo,
auto-suficiente e extenso que o primeiro em termos estruturais e espaciais,
assentava numa planta quadrada com quatro claustros, uma igreja com capelas
laterais, ladeada por duas torres, dormitórios, barbearia, cozinha, refeitório,
adegas, lagar, forno e oficinas.
Ainda não haviam sido terminadas as obras quando o convento sofreu alguns
danos com o terramoto de 1755.No entanto, após a Revolução Liberal de 1820 e a
extinção das ordens religiosas em 1834, ano em que a vida conventual sofreu uma
grande derrocada, o edifício foi escolhido como propício para a instalação do
Palácio das Cortes, ou vulgar e geralmente denominado como Parlamento, por
decreto do Rei D. Pedro IV a 3 de Setembro de 1833.
Foi, então, entregue ao arquitecto Possidónio da Silva(2) a
responsabilidade de uma abreviada adaptação do espaço religioso às necessidades
do novo propósito laico-político, sendo aproveitada a Sala do Capítulo para
instalação da Câmara dos Pares e feita de raiz a Câmara dos Deputados,
inauguradas a 15 de Agosto de 1834.
As primeiras Cortes Constituintes de 1821 reuniram-se
na livraria do Convento das Necessidades, mobilada e decorada para o efeito,
segundo o projecto de Domingos Sequeira(3). Com o incêndio de
1895, a Câmara dos Deputados acabou por ser completamente destruída,
revelando-se urgente a sua reconstrução, tendo, para tal, sido aberto um
concurso que seleccionou o projecto de Miguel Ventura Terra(4) que,
caracterizado por uma estética neoclássica, este acabaria por remodelar não
apenas a sala, quase todo o edifício, conferindo-lhe uma dimensão monumental.
A partir dos anos 20, a direcção das obras foi
entregue ao arquitecto Adolfo Marques da Silva(5) que
concebeu algumas alterações ao projecto inicial nos pormenores finais das
fachadas e também em detalhes no acabamento dos interiores, essencialmente, ao
nível de todo o programa decorativo.
No decorrer das obras efectuadas no edifício, foram criadas a Antecâmara dos Deputados, a Sala dos Passos Perdidos, a Escadaria Nobre, a Biblioteca Parlamentar e o Salão Nobre (concebidas e efectuadas nos anos 40 do século XX), dentro de uma nova concepção estética e utilitária característica do Estado Novo.
No decorrer das obras efectuadas no edifício, foram criadas a Antecâmara dos Deputados, a Sala dos Passos Perdidos, a Escadaria Nobre, a Biblioteca Parlamentar e o Salão Nobre (concebidas e efectuadas nos anos 40 do século XX), dentro de uma nova concepção estética e utilitária característica do Estado Novo.
[1] Professor na Ordem dos Jesuítas
em 1578. Em 1580, por morte de Afonso Álvares, foi nomeado por D. Henrique
para substituir este como mestre de obras da comarca do Alentejo. No ano
seguinte, substituiu António Mendes, nas empreitadas dos paços das
vilas de Santarém, Almeirim e Salvaterra, e também do Mosteiro da
Batalha. Reconhecida a competência e qualidade do seu trabalho, passou a
assumir-se como arquitecto, estreando-se em 1579 com o traçado do convento
jesuítico de Santo Antão, o Novo, em Lisboa. Seguiram-se os projectos para o
Mosteiro de São Bento da Saúde (1598), também em Lisboa, e para o edifício do
primitivo Colégio de São Bento (1600), em Coimbra. Presume-se que a sua última
obra tenha sido o Mosteiro de S. Vicente de Fora, também em Lisboa.
[2] Joaquim Possidónio
Narciso da Silva cresceu no Brasil e regressou para Portugal com
21 anos onde estudou em diversos ateliers. Frequentou o curso de Arquitectura
na Escola de Belas-Artes em Paris, onde foi discípulo de Charles Percier.
Esteve em Roma e regressou para Paris onde realizou várias obras. Veio para
Portugal em 1833, tornando-se arquitecto da Casa Real, trabalhando nos palácios
da Pena, de São Bento e das Necessidades, traçando também o Palácio do Alfeite.
[3] Domingos António de
Sequeira foi um pintor português nascido em Lisboa, de origem
modesta e educado na Casa Pia de Lisboa onde frequentou o curso de Desenho e
Figura na Área Régia e trabalhou como decorador. Partiu para Itália por volta
de 1788 e estudou na Academia Portuguesa em Roma. Foi admitido na Academia di
San Luca, onde pintou a “Desolação de São João Baptista”, a “Alegoria á Casa
Pia” e a “Aparição de Cristo a D. Afonso Henriques” Regressou a Portugal em
1795 e reinstalou-se em Lisboa. Foi nomeado pintor da corte em 1802 e tornado
também co-director da empreitada de pintura do Palácio da Ajuda. Em 1803 foi
professor de Desenho e Pintura das princesas, e
em 1806, director da aula de Desenho no Porto. Viveu as
convulsões politicas da época intensamente. Em 1826, fixou-se em Roma,
dedicando-se a pinturas religiosas, mais propriamente, visões de luminosidade
pertencentes já ao Estilo Romântico. Morreu em Roma, encontrando-se no túmulo
na Chiesa di Sant'Antonio dei Portoghesi.
[4] Estudou Arquitectura na
Escola de Belas-Artes do Porto, e viajou para França, frequentando também a
Escola de Belas-Artes de Paris e o atelier do arquitecto Victor
Laloux. Premiado com várias medalhas de honra, ganhou o concurso
para a remodelação do Palácio de São Bento. São da sua autoria edifícios como a
Maternidade Alfredo da Costa (1908) e o teatro Politeama(1912-1913).
[5] Adolfo António Marques da
Silva formou-se em Arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa em 1898. Participando essencialmente em programas de restauro
de edifícios e monumentos como a própria escola de Belas-Artes de Lisboa e a Sé
de Lisboa. s suas principais obras foram a Estação dos Correios de Sintra
(1911) e uma moradia na Avenida Duque de Loulé que recebeu uma menção honrosa
do Prémio Valmor (1909).
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