domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sala Acácio Lino



A Sala Acácio Lino foi uma sala cuja função durante a 1ª República foi o local de recepção do Presidente da Câmara dos Deputados. Já no Estado Novo, foi primeiro a Sala do Presidente da República, quando este se deslocava à Assembleia Nacional, e, depois, a sala de visitas do Presidente da Assembleia Nacional. Presentemente, serve de gabinete de trabalho de grupos parlamentares.


 Dada a multiplicidade de funções que a sala tem servido, a sua denominação advém do autor das pinturas que a decoram, Acácio Lino.

Estas pinturas murais ilustram três episódios marcantes da História de Portugal e alegorias à Pátria e às principais atividades produtivas dos setores primário e secundário. 

A maioria encontra-se identificada pelas datas de alguns dos acontecimentos  representados, marcadas pelo próprio pintor nos esbocetos que realizou, existentes na colecção do Museu da Assembleia da República
- Batalha de São Mamede -  datada de 1922 - no esboceto da composição surge a data 1128 que identifica o tema como a batalha travada entre D. Afonso Henriques e os partidários de sua mãe, D. Teresa;

A Conspiração de 1640 - datada de 1923 - no esboceto da composição vê-se a data 1640 e a representação do episódio do golpe palaciano de 1 de dezembro de 1640, antes da Restauração da Independência Nacional, com a vice-rainha de Portugal, Duquesa de Mântua, surpreendida pelos conjurados, partidários do Duque de Bragança, futuro rei D. João IV, e Miguel de Vasconcelos descoberto no armário pelo Arcebispo;



 - A Reconstrução de Lisboa pelo Marquês de Pombal -  datada de 1924 - no esboceto da composição, a data é praticamente ilegível, no entanto, a cena é iconograficamente reconhecível pela figura do Marquês de Pombal, segurando os projectos da reconstrução de Lisboa, e pela presença das ruínas ainda em chamas (cidade de Lisboa destruída pelo terramoto de 1755).

Alegoria à Pátria, às Artes, à Indústria, à Agricultura e à História de Portugal -  datada de 1925 - embora a data no esboceto da composição seja 1921 (ano da realização do estudo), é possível identificar o tema a partir dos esbocetos individuais, onde o artista escreveu alguns dos nomes das alegorias que cada figura estudada representa.

A sala Lisboa é também chamada de Sala Lino António, nome do autor das pinturas a óleo sobre tela que a decoram. 

Executadas entre 1922 e 1929, elas formam uma espécie de friso historiado, com cerca de meio metro de altura abaixo do teto, decorando as quatro paredes com ilustrações alusivas a quatro épocas da História de Portugal e seus quatro principais mentores: 

- na parede em frente à porta foi representada uma batalha onde se confrontam as hordas portuguesas, encabeçadas pelo rei, e as hordas mouras, saindo de um castelo; na parede oposta foi representado o Marquês de Pombal segurando os projetos da reconstrução de Lisboa, tendo, à direita, cenas de produção de vidro e tecelagem

-  à esquerda, uma cena de vindima; 

- na parede da direita pode ver-se um outro rei medieval, segurando um livro, acompanhado por um serviçal e um galgo, vendo-se, à direita, a representação de uma aula lecionada por um professor na cátedra, e, à esquerda, uma cena agrícola; 

- na parede da esquerda foi pintado o Infante D. Henrique com um mapa cartográfico (ou carta de marear), com a representação de um episódio de colocação de um padrão dos Descobrimentos e, à direita, a receção de portugueses por um rei nativo.



Na parede em frente da porta encontramos a conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques.



Com esta proposta de identificação, o conjunto das pinturas adquire um sentido global, estabelecendo-se um diálogo de épocas históricas entre a reconquista cristã de Lisboa, a criação da Universidade em Lisboa, os Descobrimentos feitos a partir do cais de Lisboa e a reconstrução da mesma cidade. 

Na chaminé da lareira encontra-se incrustado um relógio de mármore, decorado com as quinas do escudo nacional, com mostrador incorporado e máquina francesa, fabricado nos anos 40 do século XX.


A sala, que durante o Estado Novo foi o gabinete de trabalho do Presidente da Assembleia Nacional, é actualmente usada como sala de reuniões e para conferências de imprensa.

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