A
Sala Acácio Lino foi uma sala cuja função durante a 1ª República foi o local de
recepção do Presidente da Câmara dos Deputados. Já no Estado Novo, foi primeiro
a Sala do Presidente da República, quando este se deslocava à Assembleia
Nacional, e, depois, a sala de visitas do Presidente da Assembleia Nacional.
Presentemente, serve de gabinete de trabalho de grupos parlamentares.
Estas
pinturas murais ilustram três episódios marcantes da História de Portugal e
alegorias à Pátria e às principais atividades produtivas dos setores primário e
secundário.
A
maioria encontra-se identificada pelas datas de alguns dos acontecimentos representados, marcadas pelo próprio pintor nos esbocetos que realizou,
existentes na colecção do Museu da Assembleia da República:
- Batalha de São
Mamede - datada de 1922 - no esboceto da composição surge a data
1128 que identifica o tema como a batalha travada entre D. Afonso Henriques e os partidários de sua mãe, D. Teresa;
- A Conspiração de 1640 - datada
de 1923 - no esboceto da composição vê-se a data 1640 e a representação do
episódio do golpe palaciano de 1 de dezembro de 1640, antes da Restauração da
Independência Nacional, com a vice-rainha de Portugal, Duquesa de Mântua,
surpreendida pelos conjurados, partidários do Duque de Bragança, futuro rei D. João IV,
e Miguel de Vasconcelos descoberto no armário pelo Arcebispo;
- A
Reconstrução de Lisboa pelo Marquês de Pombal - datada de 1924 - no esboceto da
composição, a data é praticamente ilegível, no entanto, a cena é
iconograficamente reconhecível pela figura do Marquês de Pombal, segurando os
projectos da reconstrução de Lisboa, e pela presença das ruínas ainda em chamas
(cidade de Lisboa destruída pelo terramoto de 1755).
- Alegoria à Pátria, às Artes, à Indústria, à Agricultura e à
História de Portugal - datada de 1925 - embora a data no esboceto da composição seja
1921 (ano da realização do estudo), é possível identificar o tema a partir dos
esbocetos individuais, onde o artista escreveu alguns dos nomes das alegorias
que cada figura estudada representa.
A
sala Lisboa é também chamada de Sala Lino António, nome do autor das pinturas a
óleo sobre tela que a decoram.
Executadas
entre 1922 e 1929, elas formam uma espécie de friso historiado, com cerca de
meio metro de altura abaixo do teto, decorando as quatro paredes com
ilustrações alusivas a quatro épocas da História de Portugal e seus quatro
principais mentores:
- na parede em frente à porta foi representada uma batalha
onde se confrontam as hordas portuguesas, encabeçadas pelo rei, e as hordas
mouras, saindo de um castelo; na parede oposta foi representado o Marquês de
Pombal segurando os projetos da reconstrução de Lisboa, tendo, à direita, cenas
de produção de vidro e tecelagem
- à esquerda, uma cena de vindima;
- na parede
da direita pode ver-se um outro rei medieval, segurando um livro, acompanhado
por um serviçal e um galgo, vendo-se, à direita, a representação de uma aula
lecionada por um professor na cátedra, e, à esquerda, uma cena agrícola;
- na
parede da esquerda foi pintado o Infante D. Henrique com um mapa cartográfico
(ou carta de marear), com a representação de um episódio de colocação de um padrão
dos Descobrimentos e, à direita, a receção de portugueses por um rei nativo.
Na parede em frente da porta encontramos a
conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques.
Com
esta proposta de identificação, o conjunto das pinturas adquire um sentido global,
estabelecendo-se um diálogo de épocas históricas entre a reconquista cristã de
Lisboa, a criação da Universidade em Lisboa, os Descobrimentos feitos a partir
do cais de Lisboa e a reconstrução da mesma cidade.
Na
chaminé da lareira encontra-se incrustado um relógio de mármore, decorado com
as quinas do escudo nacional, com mostrador incorporado e máquina francesa,
fabricado nos anos 40 do século XX.
A sala, que durante o Estado Novo foi o gabinete
de trabalho do Presidente da Assembleia Nacional, é actualmente usada como sala
de reuniões e para conferências de imprensa.
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